HISTÓRIA DO CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA
Em 21 de agosto de 1898, um grupo de 62 rapazes se reúne para formar uma associação para a prática do Remo, que era o esporte soberano naquela época. Em homenagem ao quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para as Índias, eles deram para essa associação o nome de Club de Regatas Vasco da Gama.
Início do Futebol
Com a prática do remo, o Vasco já havia ganhado muitos títulos e tinha uma história cheia de conquistas e glórias. Com o crescimento de novos esportes, principalmente o futebol, o clube incluiu a modalidade esportiva, depois de vencer uma grande resistência interna.
O início foi muito difícil, pois com a nova modalidade esportiva, aumentariam os gastos com uniformes e inscrições na Liga Metropolitana de Futebol, mas com a colaboração dos torcedores vascaínos, que queriam cada vez mais o crescimento do clube, as despesas foram pagas pelos próprios torcedores e sócios. Como o Vasco ainda não tinha um CT (centro de treinamento), a solução encontrada foi pedir a prefeitura um local na Praia do Russel. Com esses detalhes resolvidos, o Vasco passa a ter seu primeiro time de futebol e disputar pela primeira vez um campeonato: a terceira divisão do campeonato carioca de 1916.
O primeiro jogo oficial do Vasco, aconteceu em 3 de maio de 1916, contra o Paladino F.C. O resultado foi desastroso: 10 a 1. O time era formado por Antonio Pereira de Azevedo, Frederico Eisenwlker, Álvaro Araújo Sampaio, Vitorino Rezende Silva, Antonio Bebiano Barreto, Augusto Pereira d’Azevedo, Oscar Guimarães, Mário Moraes, Joaquim d’Oliveira, Manoel d’Oliveira e Adão Antonio Brandão, que entrou pra história do clube sendo o autor do primeiro gol feito pelo time cruzmaltino.
Anos depois, o clube começou a contratar novos jogadores, mas com uma grande diferença para os outros existentes na época: não importava a cor ou situação social do atleta. Como o esporte era dominado pelo racismo, pelo preconceito, não era permitida a contratação de negros e pobres. Como o Vasco não aceitava essa situação, o cruzmaltino foi em busca da igualdade racial, social e do fim desses preconceitos.
A primeira vitória do Vasco, só ocorreu no returno do campeonato, por 2 a 1 sobre o River F.C. Foi a única vitória do Vasco naquele ano, que terminou o ano em último lugar. Mas o time continuou firme, sem desanimar, e foi o único da competição que sobreviveu através dos tempos. Apesar da péssima campanha do primeiro campeonato que disputou, nada abalou essa nova fase. A cada dia o número de sócios se multiplicava e consequentemente, a torcida crescia. Com isso, o remo também era beneficiado.
A consolidação do futebol
O futebol do Vasco se consolidou de verdade, nos anos de 1917, 1918 e 1919. O sucesso do campeonato de 1916 atraiu a atenção de clubes cariocas de outras federações e estes ingressaram na Liga Metropolitana para a disputa do ano seguinte. Para evitar o inchaço de participantes, todos os clubes da terceira divisão, incluindo o Vasco, foram automaticamente promovidos para a divisão seguinte, enquanto os novos clubes começariam na terceira em 1917. Com isso, o Vasco mudaria. O time foi melhorado, fortalecido, e as vitórias começaram a surgir. O verdadeiro Vasco da Gama surgiu então e terminou o campeonato em quarto lugar.
No ano seguinte, eles conquistam a terceira posição. Em 1919 o time busca reforços na Liga Suburbana e a equipe se fortalece mais ainda. A cada dia, o Vasco provava que estava no caminho certo, e os sócios continuavam crescendo vendo o futuro glorioso que aquela equipe, formada por jogadores humildes teria.
Como naquele tempo as substituições durante as partidas não eram permitidas, os reservas disputavam um campeonato separado, o campeonato dos segundos quadros. Nesse campeonato, em 1920, o clube terminou em 1º lugar, empatado com o Helêncio A.C, então uma decisão foi marcada para março do ano seguinte, que seria a primeira decisão que o Vasco disputava e nela foi conquistado o primeiro título da equipe, com um sensacional 4 a 2. A equipe que conquistou esse título, era formada por Miguel Cavalier, Ernani Van Erven, Carlos Pinto da Silva, Antonio Borges, Eudino Wubert, Djalma Alves de Sousa, Aquiles Pederneiras, Torteroli, Carlos Gomes Faria, Adão Antônio Brandão e Alfredo Godoy.
Para o campeonato de 1921, a Liga Metropolitana dividiu a divisão principal do campeonato em duas séries, colocando os quatro primeiros colocados da segunda divisão no ano anterior para a Série B, dentre eles o Vasco.
Mesmo não sendo na Série A, pela primeira vez o Vasco disputaria a primeira divisão de um campeonato: o torneio início de 1921. O campeonato não foi conquistado pelos cruzmaltinos, mas eles venceram o América, que era um dos grandes do Rio de Janeiro naquela época. Meses depois, quem caiu foi o Bangu. Essas vitórias contra os times da Série A faziam com que os vascaínos acreditasse cada vez mais no time e em suas futuras conquistas. O primeiro passo para isso era conseguir o acesso à divisão principal.
Em 1922, o Vasco buscou como treinador, o uruguaio Ramón Platero, que já havia sido campeão pelo Fluminense e pelo Flamengo. Os métodos do treinador eram revolucionários. Naquela época, a preparação física e concentração ainda era desconhecida, mas o Vasco já começava a dar os primeiros passos e evoluir nessa área, o que faria a diferença para o time. Com a contratação de Ramón, que era o maior treinador do Rio de Janeiro, todos viram como o Vasco crescia, se fortalecia cada vez mais e poderia derrotar as equipes que sempre se julgaram superiores.
Ao campeão dos primeiros quadros da Série B de 1922 estava garantida a vaga para a Série A do ano seguinte, sem necessidade de eliminatória. Então, foi em busca disso que os vascaínos foram. Um a um, os adversários foram derrotados e a campanha foi excelente, com apenas uma derrota. Com isso, o Vasco foi campeão com o time formado por Nélson da Conceição, Mingote, Leitão, Pedro Nolasco dos Santos, Bráulio Prado, Arthur Medeiros Ferreira, Paschoal, José Cardoso Pires, Torteroli, Claudionor Correa e Alípio Marins.
No campeonato dos segundos e terceiros quadros, o Vasco terminou invicto. Isso fez com que o time ganhasse a posse temporária da Taça Constantino, que o clube ganhou definitivamente em 1924.
Em 1923, os times preconceituosos tiveram uma surpresa durante o campeonato carioca: foram derrotados pelo time de negros e trabalhadores. As arquibancadas desses clubes, antes restrita a elite, agora era invadida pela massa vascaína. Os estádios começaram a ficar pequenos demais para tantos torcedores. Ninguém imaginava que aquela equipe tão inferior pudesse ganhar dos times ricos da cidade, mas esse pensamento mudou a partir da conquista do campeonato de 1923. Esse foi o ano que marcou para a história do futebol, pois com isso os negros e os trabalhadores começaram a se afirmar no futebol e o esporte deixou de ser só para alguns privilegiados. O Vasco se impôs perante os soberbos e mostrou que eram todos iguais.
Com o sucesso desse time, ocorreu o já esperado: Nélson, Torteroli e Paschoal foram convocados para jogar Sul-Americano do Uruguai em 1923 pela seleção brasileira.
A aristocracia resolveu reagir devido ao grande sucesso do Vasco. Na época, além do preconceito contra negros, existia o preconceito contra imigrantes portugueses. Publicações circulavam na cidade, de forma agressiva contra os portugueses, uma delas publicada em 1894: “combateremos e odiamos o elemento português, que é o que nos corrompe e ceifa a existência, monopolizando tudo e sacrificando nossa população”. Foi nessa sociedade que o Vasco se inseriu, e o futebol, espalhava cada vez mais essa ideia, de um país formado por brancos. Ainda durante a disputa do campeonato de 23, a torcida cruzmaltina foi covardemente agredida por torcedores do Flamengo e demais clubes que se uniram e se voltaram contra os mesmos. Eles queriam a todo custo intimidar os cruzmaltinos e bani-los do futebol elitizado. Mas nada deteu o Vasco, que foi o campeão de 23.
São Januário
Após a construção de São Januário, o Vasco montou o seu primeiro grande time de verdade, a Sele-Vasco. Tendo no elenco jogadores que disputaram a Copa de 1930, como Fausto, Itália, Brilhante e Russinho, o Vasco foi campeão de 1929 em uma final de melhor de três com o América, que depois de dois empates e uma goleada por 5 a 0, viu a superioridade vascaína.
Uma das maiores goleadas do Vasco, aconteceu em 26 de abril de 1931, um espetacular 7 a 0 sobre o Flamengo, que armou a maior confusão com o resultado, o que resultou em um bate boca entre Fausto e Penha, ambos expulsos pela confusão. Os jornalistas, tentaram defender o Flamengo em suas publicações, para diminuir o constrangimento rubro-negro. Era o preconceito prevalecendo mais uma vez.
Em 1931, o Vasco mais uma vez surpreendeu. Foi jogar na Europa e venceu times como Barcelona, Porto, Benfica e Sporting. Com o sucesso do time lá, clube recebeu ofertas irrecusáveis para que jogadores como Fausto e Jaguaré permanecessem pela Europa. Sem esses jogadores, o Vasco perdeu a liderança e o campeonato para o América.
O amadorismo dos negros no futebol então estava com os dias contados, cada vez mais os clubes se obrigavam a aceitar esses jogadores entre a elite. Em 1933 foi criada a Liga Carioca de Futebol, e então o profissionalismo começou de verdade. O Fluminense e o Flamengo resistiram a não participar dessa liga, mas acabaram se rendendo e deixaram o preconceito de lado, já o Botafogo, se recusou e não participou para poder manter o status, mas anos depois, também desistiu da resistência.
Com o profissionalismo em destaque, mais uma vez o Vasco montou um timaço, dessa vez, para disputar o campeonato de 1934. Mandou buscar Fausto de volta, que havia ficado na Europa quando o Vasco foi pra lá, Gradim e os dois maiores jogadores brasileiros do momento: Domingos da Guia e Leônidas da Silva. Com esse time, o Vasco conquistou o quarto título carioca.
Com o surgimento da Liga, o futebol carioca ficou dividido entre o Vasco e a Liga e o Botafogo e a AMEA. Isso se aprofundou com a criação da Federação Metropolitana de Desportos, entidade que abrigou o Vasco e outros pequenos clubes. Nessa nova entidade, o Gigante da Colina conquistou o campeonato de 1936, não com um time tão bom, mas com a presença do artilheiro Feitiço.
Com o acordo feito em 1937 entre o presidente do Vasco e o presidente do América, a paz no futebol carioca foi finalmente estabelecida. Nasceu então a Liga de Futebol do Rio de Janeiro. Para comemorar, o Vasco e o América se enfrentaram no final de julho de 1937, em São Januário, e o time da colina venceu por 3 a 2 e jogo ficou conhecido como Clássico da Paz.
De 1937 até 1945 o Vasco ficou sem ganhar títulos. Foram 9 anos de jejum até que o Vasco finalmente retornou a ser campeão carioca.
Em 1938, o Flamengo construiu a Gávea, e a inauguração foi um jogo contra quem? Contra o Vasco! O resultado: 2 a 0 para o Vasco e crise no Flamengo. Depois desse jogo, ainda foram disputadas outras partidas entre Vasco e Flamengo na Gávea, sendo sete vitórias vascaínas contra seis rubro-negras.
O Vasco sempre teve uma preocupação em especial: a formação da criança e do adolescente. A ideia de criar um departamento infantil teve que ser adiada, devido às dívidas da construção de São Januário. Em 1941, Aníbal Ferreira de Souza teve a iniciativa de começar com o projeto. Um ano depois, quando Cyro Aranha se tornou presidente, o Departamento Infanto/Juvenil foi criado, tendo como diretor Aníbal e como sub-diretor Levy de Magalhães.
A grande motivação para que isso desse certo, foi a falta de atletas em algumas modalidades esportivas, como vôlei e basquete. Apesar dos muitos sócios, não se conseguia fazer dois times de cada modalidade e era preciso buscar atletas de outras agremiações. Para resolver esse problema, chamaram toda a juventude vascaína, e foram então surgindo os jovens talentos.
As dependências do DIJ foram inauguradas em abril de 1943. Pouco tempo depois, nas colunas de Cascadura já eram publicadas que esses atletas seriam vitoriosos e fariam o Vasco crescer. Foi ele o criador da frase “Enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal”. Como ele dizia em suas publicações, o DIJ cresceu, conquistou muitos títulos para o clube e formou atletas e cidadãos exemplares.
O Expresso da Vitória já fazia parte do passado, mas o Vasco continuava no caminho certo. De maio a julho, em uma série de jogos amistosos e outros valendo a Pequena Copa do Mundo, o Vasco enfrentou gigantes como Real Madri, Roma e Porto. Todos caíram e taça veio para o Rio de Janeiro. Foi esse o time que disputou o Carioca de 1956, time que tinha craques como Bellini, Pinga, Sabará e Walter. No banco o craque era o técnico Martim Francisco, que nem precisou disputar a final com o clube, pois não houve uma final, o título ficou garantido no jogo 2 a 1 em cima do Bangu.
Mais uma vez o Vasco iria fazer sua excursão pelo mundo. Foi e venceu todas. A primeira conquista foi o Torneio Internacional de Santiago no Chile, onde nove anos antes os vascaínos haviam sido os primeiros a levantar uma taça no Exterior. Depois, no Peru, era conquistado o Quadrangular de Lima. Na França, o Racing comemorava 50 anos de existência e promovia o Torneio de Paris. Mas quem fez a festa foi o Vasco ao faturar a disputa com uma goleada de 5 a 2 naquele que era considerado o melhor time do mundo: o Real Madrid de Puskas e Cia. Foi a Espanha e trouxe para o Brasil a tradicional e cobiçada Teresa Herrera, que pela primeira vez era conquistada por uma equipe não-europeia. Esse foi o saldo do maior ano do Vasco em terras estrangeiras, quatro títulos e vitórias esmagadoras sobre os melhores times do mundo: 5 a 2 no Benfica e 7 a 2 no Barcelona.
Em 1957, o Vasco teve um jogador ilustre – não para todos – e que em apenas três jogos, fez cinco gols com a camisa cruzmaltina: Pelé. Foi nesses jogos que ele se destacou e foi convocado para a Seleção.
O carioca mais disputado de todos os tempos, foi o se 1958. O Vasco chegara ao final da competição com o mesmo número de pontos de Botafogo e Flamengo e foi preciso um novo turno entre os três, o chamado supercampeonato. Novo empate de pontos. É a vez do supersupercampeonato, já em janeiro de 1959. Depois de tudo isso, o time vascaíno finalmente levantou a taça de campeão, depois de uma vitória sobre o Botafogo e um empate com o Flamengo.
A década perdida
Desde 1923, o Vasco foi um clube regular. Sempre ganhando, conquistando títulos, com um patrimônio inigualável e com muitos craques, mas foi na década de 60 que isso mudou. Devido a crises políticas e maus resultados do futebol, o Vasco se desesperava. Os craques não eram mais revelados, as campanhas eram vergonhosas. O patrimônio sofria e o esporte amador apenas sobrevivia. É a história de dirigentes e torcedores que muitas vezes não pensaram primordialmente no clube, mas sim em si mesmos. Vascaínos que pensaram em demasia em rixas pessoais com opositores políticos e o clube passou a ser apenas um detalhe. Vascaínos que colocaram o ego na frente do clube e que como resultado tiveram mais satisfação na derrota política do adversário do que na grandeza do clube.
Nesse tempo, o Vasco conquistou apenas uma Taça Guanabara em 1965 e o Rio-São Paulo de 1966, empatado com outros clubes, pois a competição foi interrompida para a disputa da Copa de 66. Essa conquista evitou um jejum mais prolongado, porém ainda é comum a torcida se referir aos “12 anos sem ganhar nada” se referindo ao período de 1958 a 1970.
Renascimento!
Após 12 anos, o Vasco voltou a ser Campeão Carioca. O time do estrategista Tim era famoso por sua regularidade e disciplina tática. Sem grandes estrelas, apostava no conjunto e no habilidoso atacante Silva para alcançar as vitórias. Na final antecipada, a torcida finalmente pode soltar o grito de campeão, entalado na garganta a tanto tempo. Ninguém merecia aquele título mais do que o Vasco, que mesmo em crise, era considerado um fenômeno e lotava o Maracanã a cada jogo.
Em 1969, Roberto de Oliveira foi chamado para a base vascaína. Dois anos depois, em uma partida contra o Internacional (RS) o juvenil Roberto entraria no lugar de Gílson Nunes e aos 27 do segundo tempo balançaria as redes. No dia seguinte, o Jornal dos Sports estamparia: “Garoto-Dinamite Explodiu”. Nascia um novo ídolo vascaíno, o maior de todos: Roberto Dinamite.
Foi como azarão que o Vasco chegou no quadrangular final do Brasileiro de 1974. Enfrentaria times como o Santos de Pelé, o Cruzeiro de Dirceu e o Internacional de Falcão. Nesse cenário a equipe de São Januário era considerada um figurante no meio dos grandes favoritos. A década de 70 foi uma época de superação para o Vasco, onde times sem grande técnica, mas com muita garra e entrosamento, superariam obstáculos tidos como instransponíveis. E o Brasileiro de 1974 foi o maior deles. Foi jogando na base da vontade, que o Vasco venceu os clubes que eram tidos como favoritos. O último deles foi o Cruzeiro, e então, o maior título do ano vinha pra São Januário. Foi ai que se iniciou uma série de Brasileiros.
Barreira do Inferno: assim era chamada a defesa cruzmaltina no estadual de 1977. Com Mazaropi no gol e Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antonio na linha o Vasco se tornou invencível. E claro, o Vasco ficou campeão de 1977. O esquadrão de Orlando Fantoni fez 69 gols e tomou cinco, sofrendo apenas uma derrota. Na final, a vitória em uma decisão por pênaltis contra o Flamengo foi a melhor parte do grande ano vascaíno.
Entre 1977 e 1978, o Vasco conseguiu uma façanha inédita: foram 1816 minutos sem tomar gol, recorde que até hoje não foi superado por nenhum goleiro no mundo.
Além do clube de façanhas, craques e superações, o Vasco era o clube dos artilheiros. No dia 10 de novembro de 1982, o clube consagrou mais um grande artilheiro: Roberto Dinamite, o primeiro jogador vascaíno a atingir a marca de 500 gols na carreira, a imensa maioria deles com a camisa vascaína. Até o fim de sua carreira, Dinamite ainda conseguiu mais alguns feitos na história: é o maior artilheiro da história do Vasco, do Campeonato Brasileiro e do Campeonato estadual, além de ser o quinto maior artilheiro de toda a história do futebol.
No estadual de 1982, o Vasco mais uma vez aparecia como um dos fracos, e os rubro-negros já davam como certa a conquista do campeonato. Foi então que o técnico Antonio Lopes barrou metade do time e o Vasco era novamente campeão estadual, 1 a 0 na final, gol de Marquinhos. O treinador então iniciava sua trajetória no comando vascaíno e que anos mais tarde se consagraria como o mais vitorioso treinador da história do Vasco.
As eleições de 1985 foram muito disputadas até o fim, e Antônio Soares Calçada venceu e chamou para a vice-presidência o seu opositor Eurico Miranda – hoje, odiado por muitos – e dava-se inicio então a Era Calçada-Eurico.
O time de 1987 era um timaço novamente. Era um time de estrelas, de Roberto e Romário, chamada carinhosamente de dupla “Rô-Rô”, de Dunga, Mauricinho e Geovani, e do ex-rubro-negro Tita, que acabaria fazendo o gol do título. Unidos, eles trouxeram para São Januário mais um Estadual.
Em 1988 veio o Bi-estadual, que deu novamente destaque a Romário e Geovani, mas que também abriu caminho para a nova geração de Bismarck e Sorato, mas foi o reserva Cocada que marcou a conquista. Entrou nos minutos finais do jogo, fez o gol do título em cima do Flamengo e depois, foi expulso ao protagonizar uma das maiores brigas já ocorridas no Maracanã. Assim, ele entrou pra história do Vasco e do Campeonato Carioca.
Logo depois, em 1989, o Vasco voltou a Europa novamente, para buscar, pela terceira vez seguida, o Troféu Ramon de Carranza, que era uma das mais prestigiadas competições europeias. Esse também foi o último ano em que o Vasco teve sua participação na competição.
Após essa competição, deu-se inicio a uma novela em São Januário: a contratação de Bebeto, ídolo da Gávea, mais insatisfeito com o Flamengo, e que depois de muita negociação, veio parar em São Januário. Bebeto se tornou destaque do campeonato brasileiro jogando pelo Vasco, e conquistou o título com o clube.
Com os recursos obtidos com a venda de Romário e Giovani para o exterior, o Vasco reforçou-se mais ainda. Aproveitou a prata da casa e montou uma verdadeira seleção. Apesar de não ter feito um bom inicio de campeonato, o Vasco se recuperou e trouxe para São Januário o segundo Brasileiro.
O campeonato estadual de 1992 foi disputado em São Januário e a taça ficou por lá mesmo. Com o Maracanã interditado, São Januário era o único estádio em condições de receber um campeonato tão importante.
Com a vantagem de estar jogando em casa, o Vasco se torna campeão mais uma vez, e de forma invicta. Foi o ano da despedida de Dinamite, do surgimento de Edmundo e também, o ano de reviver os dias de glórias da época pré-Maracanã. O gol do título foi feito por Carlos Alberto dias em cima do “todo poderoso” Flamengo.
Edmundo vendido, Roberto aposentado, e o Vasco então, órfão de ídolos. No campeonato estadual de 1993, Valdir aproveitou o espaço que lhe deram e brilhou, brilhou muito. Foi a consagração do matador, o artilheiro da competição. Mais uma vez, o Vasco conseguia outro bi campeonato.
Finalmente então, veio o tri campeonato. A, o tri! Tão desejado pelos torcedores, pelo clube e que seria um feito histórico, que nem o todo poderoso Expresso da Vitória conseguiu. Finalmente o árbitro Léo Feldman dá o apito final e os dois gols de Jardel sobre o Fluminense deram o título de tri campeão carioca de 1994 ao Vasco. Durante esses três anos, duas gerações feitas em São Januário foram os destaques da campanha: Denner, que por seu jeito de comemorar, se tornou um mito, e Jardel, o herói do título.
No Brasileirão de 1997, ninguém jogou tanto como Edmundo. O time começou o campeonato desacreditado e mais uma vez, calou a boca de jornalistas, adversários e todos os outros que torciam contra o gigante da colina. Trouxera um zagueiro considerado acabado para o futebol, outro que vinha do Americano, um volante que ninguém conhecia, um atacante que havia deixado de ser estrela para ser um causador de problemas e confusões. Mas foi esse o time que surpreendeu, e foi o atacante encrenqueiro que brilhou e deixou para trás todos os adversários, desde os mais fracos até os mais fortes.
Ano do centenário
O centenário de um clube é um ano muito festejado pela equipe, pela torcida, por todos os simpatizantes daquele clube. O centenário do Vasco, não foi diferente. Clube nenhum teve um centenário tão glorioso quanto o do Vasco. Os 100 primeiros anos do Vasco foram marcados por vitórias, pela superação e pela luta. O resultado, bom, todos sabem. Um clube inigualável. O Estadual de 1998, uma moleza! O Gigante da Colina foi muito superior, e as outras equipes, sabendo que não tinham chance contra o time que meses depois se tornaria campeão da América, resolveram melar a competição. Campeão dos dois turnos, o Vasco ganhou vários por WO, pois os adversários preferiam não jogar a serem massacrados pelo Vasco. Mas nada atrapalhou. Nem a tentativa de apagar o estádio na final funcionou. O Vasco foi campeão e ninguém podia fazer absolutamente nada para mudar isso.
Logo em seguida então, o Vasco realmente se consagra na América, é Bi! 50 anos depois do Expresso da Vitória ter levantado o primeiro título do continente, agora foi a vez da Libertadores da América, título esse que orgulha os vascaínos. A equipe de campeã de 98 foi: Carlos Germano, Vagner, Odvan, Mauro Galvão, Felipe, Luisinho, Nasa, Juninho Pernambucano, Pedrinho, Donizete e Luizão, comandados pelo técnico Antônio Lopes, que soube dirigir a equipe como ninguém.
A partida final foi contra o poderoso Barcelona, diante de 90 mil torcedores do time rival. Uma partida que teria colocado medo no Vasco, se não fosse o fato de que o nervosismo adversário os atrapalhou e facilitou a vida dos vascaínos. Com a garra de Mauro Galvão e a poderosa barreira de Carlos Germano, o Vasco foi invencível. Donizete e Luisão formavam uma dupla perfeita, e as laterais eram dominadas por Vagner e Felipe. Os gols foram marcados por Donizete (24 do 1º tempo) e por Donizete (46 do 1º tempo). O gol de honra dos equatorianos foi marcado por De Ávilla (34 do 2º tempo).
Para muitos, inclusive para mim, quando se fala na Libertadores de 98, o primeiro fato que vem na cabeça, o primeiro fato lembrado, é o belíssimo gol de falta que Juninho marcou, na partida da semifinal contra o River Plate. Esse foi o gol que levou o Vasco a final do campeonato e marcou tanto os torcedores, que em uma música, ele é incluído:
Vou torcer pro Vasco ser campeão
São Januário, meu caldeirão!!
Vou torcer pro Vasco ser campeão
São Januário, meu caldeirão!!
Vasco, a tua glória e a tua história
É relembrar, o "expresso da vitória"!!
Contra o River Plate sensacional (gol de quem?)
Gol do Juninho, monumental!!!!!
Vou torcer pro Vasco ser campeão
São Januário, meu caldeirão!!
Vou torcer pro Vasco ser campeão
São Januário, meu caldeirão!!
Mercosul e continuação da história vascaína
Em 1999, veio mais um título para a colina: o tri do Torneio Rio-São Paulo. Mais uma vez, Juninho foi o ídolo da grande conquista. A partir de então ele se tornou um jogador completo, decisivo, um ídolo, que logo após esse título, foi convocado para a Seleção Brasileira.
Para a conquista do tetra em 2000, o Vasco foi buscar Romário. Com 34 anos ele voltou ao Vasco, disputou o campeonato, fez 20 gols e foi o artilheiro do Brasileirão. O quarteto fantástico formado por Juninho Pernambucano, Juninho Paulista, Euller e Romário foram cruciais para o título. Na grande final o alambrado de São Januário se rompeu e o jogo foi paralisado, mas nem isso impediu o Vasco de se tornar o grande campeão.
Ainda em 2000, aconteceu um dos jogos que marcou a história vascaína e até hoje, orgulha e arrepia seus torcedores. Depois de ter se classificado para a final da Copa Mercosul com muito sacrifício e esforço, os guerreiros vascaínos descem para o vestiário no intervalo com um resultado arrasador: 3 x 0 para o Palmeiras, que já se considerava com a mão na taça. O time entrou no gramado para jogar o segundo tempo, e a torcida viu o inesperado: uma virada espetacular. Quatro gols em 45 minutos e a torcida fica em estado de êxtase com a grande virada.
Em 2001, o Vasco teve muitos problemas financeiros e conseguiu manter apenas três de seus principais jogadores: Paulista, Euller e Romário. Foi esse trio que conseguiu um feito histórico: uma sequência de oito vitórias consecutivas na Libertadores, que foi interrompida pelo Boca Juniors, que acabou campeão daquele ano.
Em 2003, o Vasco ainda conquistou a Taça Rio, que seria então o último título do Vasco até a grande mudança que ocorreu no clube.
Rebaixamento
Com 20 derrotas, 72 gols sofridos e apenas 35% de aproveitamento do Campeonato Brasileiro, o Vasco teve um fim triste: rebaixado para a 2ª divisão do Brasileirão. Depois de uma derrota por 2 x 0 para o Vitória, o rebaixamento foi confirmado e lágrimas eram vistas em todos os cantos de São Januário.
Após a derrota, lágrimas de dor em São Januário e torcedor ameaçando se jogar da marquise do estádio. Fato lamentável esse, que apavorou bombeiros, policiais, diretoria do clube, jogadores e os demais torcedores presentes no estádio, mas que demonstra a imensa dor que os torcedores sentiram.
Série B e volta do Gigante!
Após a derrota, a torcida parecia não se conformar. O estádio estava tomado pelas lágrimas de dor da torcida e um dos torcedores ameaçava se jogar da marquise do estádio. Fato lamentável esse, que apavorou bombeiros, policiais, diretoria do clube, jogadores e os demais torcedores presentes no estádio, mas que demonstra a imensa dor que os torcedores sentiram. Em 2009 foi um ano mais marcante para o Vasco, era o ano do recomeço do gigante. Cada ponto ganho significava um passo a mais na caminhada de volta a primeira divisão. Foi o ano de dedicação da torcida. Em todos os jogos os torcedores lotavam os estádios e apoiavam o time. O time retribuía com gols, vitórias e demonstrações de amor ao clube.
Nesse ano tão importante para o clube, surgiram também dois novos talentos: Allan e Philippe Coutinho. Os jovens talentos mostraram que tinham garra e que queriam ajudar o Vasco nesse ano tão especial para o clube, para os torcedores e para o futebol.
Além deles, Alex Teixeira também demonstrou que poderia ser mais do que ele já era, que poderia se tornar um dos favoritos da torcida. E assim fez. A torcida por muitas vezes gritou seu nome, o aplaudiu e orgulhouse de tê-lo no time. Ao lado do capitão Carlos Alberto, Alex contribuiu muito para a grande volta do Vasco a Série A.
Em 2009 também, o Vasco fez 111 anos, e para a comemoração, foram nada mais nada menos que 79.635 corações vascaínos nas arquibancadas, recorde de público em 2009 até então.
Com uma festa daquelas, os jogadores já tinham um presente reservado, uma vitória praticamente certa, esperada por todos. Mas eles fizeram mais que só ganhar. Eles jogaram bonito e o resultado foi uma goleada. Vasco 4 x 0 Ipatinga. Uma vitória ao nível da festa.
Com o decorrer do campeonato, o Vasco continuou fazendo gols, conquistando vitórias e acumulando pontos na tabela. Nas últimas rodadas, já tinha uma grande diferença de pontos para os outros times, e desde o começo do campeonato, foi considerado o favorito ao título. E assim então o clube cruzmaltino fez. Com 66% de aproveitamento, o Gigante da Colina volta à elite do futebol brasileiro e se torna o campeão da segunda divisão do Brasileirão.
O Vasco foi o time com a defesa menos vazada do campeonato, e também, a defesa que menos fez defesas, pelo fato de ter um meio de campo excelente que não deixava que os adversários se quer se aproximassem do gol cruzmaltino. Foi o time que mais venceu (22 vitórias), o que menos perdeu (6 derrotas), o que teve melhor passe (89% de acertos) e foi o que teve o artilheiro da competição, Élton, com 17 gols.
Ano de 2010
Após o retorno a primeira divisão, o Vasco manteve uma campanha regular em 2010, sem ganhar títulos, mas sem passar por nenhum sufoco durante o Campeonato Brasileiro.
Do fracasso à glória na Copa do Brasil
Em 2011, o Vasco novamente começa um Campeonato Carioca desacreditado, com um time que não se acertava e que era derrotado até pelos clubes mais fracos. A solução foi à contratação do técnico Ricardo Gomes, e deu certo. Com direito a goleada sobre o América em uma partida brilhante, 9 a 0, o time então começou a surpreender e depois do Expresso da Vitória, surgiu o Trem Bala da Colina.
Durante a Taça Rio, o Vasco teve apenas uma derrota antes da grande final contra o Flamengo. Em uma partida em que o Vasco jogou muito mais, o placar terminou em 0x0 e o jogo foi decidido nos pênaltis. Deu Flamengo.
Ainda abalados com a derrota na final da Taça Rio, o Vasco então vai em busca de uma conquista inédita: a Copa do Brasil. A cada jogo o time ia crescendo um pouco mais na competição e ia mostrando a todos que poderia sim ser campeão. Foram 11 jogos (5 vitórias, 5 empates e apenas uma derrota), 29 gols (20 prós e 9 contra) e uma final inesquecível contra o Coritiba. Um jogo angustiante e que parecia não ter fim. Foi na final a única derrota do Vasco (Coritiba 3x2 Vasco), mas nem isso impediu que a equipe garantisse antecipadamente sua vaga na Libertadores e que a tão sonhada taça viesse para São Januário.
FIM DA LONGA ESPERA
Em 2015, o jejum de 12 anos sem título do Campeonato Carioca acabou com a vitória diante do Botafogo, porém um ano que tinha tudo para ser feliz acabou culminando no rebaixamento do clube.
Já em 2016, o Vasco conquistou o bicampeonato invicto do Campeonato Carioca.
(Continua...)